quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Vôo por instrumento

               

Lembro-me bem da tarde, há alguns anos, em que subi em um aeroplano, com meu instrutor, para uma aula de vôo utilizando os instrumentos do painel de controle apenas, sem nenhuma referencia visual quanto a localização geográfica.
Seria um céu de brigadeiro aquele dia, não fora por alguns ventos mais fortes que sopravam. Decolamos, e fomos em direção ao norte, contra um vento gelado que soprava diretamente contra nós. Ao atingirmos a altitude correta, o instrutor colocou em mim  um capuz especial,  de sorte que tudo q eu podia ver era o painel de instrumentos. A pós uma aula de aula. descemos em um aeroporto cerca de cento e sessenta quilômetros ao norte de onde partíramos para almoçar, e fazer nova verificação das condições do tempo.
Começava a anoitecer quando subimos outra vez no avião, para a viagem de regresso. Eu e o instrutor estávamos um tanto apreensivos, porque uma pequena tempestade rumava em direção de nossa rota de vôo, enquanto nos aproximávamos das nuvens já podíamos sentir o aumento da força dos ventos.
Aquela seria uma oportunidade para um verdadeiro vôo por instrumentos.
Eu não estava tão preocupado, até o momento em que o instrutor mandou que colocasse de novo o capuz, porque eu iria conduzir o avião de volta. Ao adentrarmos a tempestade, o vento começou a
nos jogar de um lado para o outro. Mas o instrutor assegurava-me de que tudo estava em ordem: tudo oque eu tinha de fazer era voar pelos instrumentos, conforme eu fizera na aula, e seguir suas instruções.
Passaram-se alguns minutos e mergulhávamos, por assim dizer, mais fundo na turbulência. O pavor apossou-se de mim,  comecei a sentir tontura, achando que o avião caia, enquanto girava. Em pânico, comecei  a Fazer oque pensei ser a correção de nossa rota. O instrutor teve de dizer-me quatro vezes que os instrumentos estavam corretos e que eu devia confiar neles, e não em meu próprio julgamento.
A pós vários outros minutos de agonia, e com o instrutor assegurando-me constantemente que os instrumentos diziam, de fato, a verdade, não pude suportar mais a incerteza e arranquei o capuz para ver por mim mesmo. Quando olhei pela janela, tudo oque vi foi chuva por todo lado, vinda de um céu negro. Minha face empalideceu, e uma expressão de terror instalou-se em mim.
O instrutor disse: "Normam, você já esta sentado há vinte e cinco minutos, com indicações claras e instrumentos confiáveis para seguir, mas saiu do curso 32 vezes e baixou o avião duzentos e setenta metros em inclinação. Agora você realmente não sabe onde esta. Deixe-me mostrar-lhe algo."
Ele tomou dos controles e com pequeno esforço embicou o avião através das nuvens. Duzentos e quarenta metros acima estávamos por sobre as nuvens, que cintilavam sob a luz da maravilhosa lua cheia. A pouca distancia, ao lado de uma montanha, vimos duas grandes luzes vermelhas no alto de uma torre de transmissão. Do outro lado da montanha, através de uma clareira nas nuvens, pudemos ver uma pálida luz verde e branca de aeroporto, piscando um sinal que, para nós, significa que estávamos em casa.
Após uma aterrissagem segura, entendi que aprendera uma daquelas grandiosas lição que recebemos quando fomos mandados a esta terra: que o Senhor nos da instrumentos de primeira qualidade, sinais fortes e claros, e indicadores claros, mas nós , ainda assim, as vezes nos afastamos de todas as instruções e caímos no mar de confusão.
Mas, se seguirmos e confiarmos nesses sinais, quer os compreendamos claramente ou não, seremos capazes de voar acima das nuvens, seguros e firmes, conhecendo nossa rota e nosso destino.
                                                   Normam Jay Poulsen
(revista A Liahona, Dezembro de 1985)

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